Os primeiros pensadores
centraram a atenção na natureza e elaboraram diversas concepções de cosmologia.
Note que dizemos cosmologia, conceito que se contrapõe à cosmologia de Hesíodo.
Enquanto no período mítico a cosmogonia relata o principio como origem o tempo
(o nascimento dos deuses), as cosmologias dos pré-socráticos procuram a
racionalidade constitutiva do Universo.
Todos eles procuram explicar
como, diante da mudança (do devir), podemos encontrar a estabilidade; como,
diante do múltiplo, descobrimento o uno. Ao perguntarem como seria possível
emergir o cosmo do caos – ou seja, como da confusão inicial surge o mundo
ordenado -, os pré-socráticos buscam o principio (em grego, a arkhé) de todas as coisas,
entendido não como aquilo que antecede no tempo, mas como fundamento do ser.
Buscar a arkhé é explicar qual
é o elemento constitutivo de todas as coisas.
As respostas dos filósofos à
questão do fundamento das coisas, da unidade que pode explicar a multiplicidade,
são as mais variadas. Vejamos algumas delas:
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Para Tales de
Mileto (640-c.548 a.C), astrônomo, matemático e primeiro filosofo, a arkhé é a água.
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De acordo com
Pitágoras (séc. VI a.C), filósofo e matemático, o numero é a essência de tudo,
todo o cosmo é harmonia, porque é ordenado pelos números.
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Para Anaximandro
(610-547 a.C), o fundamento dos seres é uma matéria indeterminada, ilimitada
(ápeiron, em grego), que daria origem a todos os seres materiais.
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Para Anaxímenes
(588-524 a.C), é o ar, que pela rarefação e condensação faz nascer e
transformar todas as coisas.
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Parmênides de
Eleia (c.544-450 a.C) e Heráclito de Éfeso (sécs. VI-V a.C) desenvolveram
teorias que entraram em conflito e instigaram os filósofos do período clássico.
Enquanto para Parmênides o ser real é imóvel, imutável e o movimento é uma
ilusão, para Heráclito tudo flui e tudo o que é fixo é ilusão: “não nos
banhamos duas vezes no mesmo rio”.
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Anaxágoras
(499-428 a.C), nascido em Clazômena, mudou-se para Atenas, onde foi mestre de
Péricles. Sustentava que as “sementes” de todas as coisas foram ordenadas por
um principio inteligente, uma inteligência cósmica (Nous, em grego).
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Os quatros
elementos, terra, água, ar e fogo, constituem a teoria de Empédocles (483-430
a.C).
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Os filósofos
Leucipo (séc. V a.C) e Demócrito (c.460-c.370 a.C) são atomistas, por
considerarem o elemento primordial constituído por átomos, partículas
indivisíveis. Como para eles também a alma era formada de átomos, estamos
diante de uma concepção materialista e determinista.