Segundo o livro de Gênesis,
do Antigo Testamento, descendentes de Noé chegaram a uma planície na Babilônia
e iniciaram a construção de um templo tão alto que chegaria aos céus. Mas Deus
castigou a sua soberba e confundiu as línguas. Eles não mais se entenderam e
espalharam-se pelo mundo.
São inúmeros os simbolismos
que esse relato provoca. A interpretação mais evidente é sobre a origem das
diversas línguas; ou poderia ser uma advertência para que os humanos não
queiram igualar-se aos deuses.
Imaginemos, porém, a hipótese
de que ate hoje a humanidade busca o contrario da Babel: o entendimento
universal pelo confronto dos discursos diferentes diante dos quais tentamos o
entendimento.
Comecemos com Nietzsche, que
comenta o que as pessoas entendem por conhecer, a fim de explicar uma das funções
do filosofar: o olhar como estranho, “ver de fora” aquilo que é família,
problematizar nossas certezas:
“O conhecido, isto é, aquilo a que estamos habituados, de modo que não
mais nos admiramos, nosso cotidiano, alguma regra em que estamos inseridos,
toda e qualquer coisa em que nos sentimos em casa: - como? Nossa necessidade de
conhecer não é justamente essa necessidade do conhecido, a vontade de, em meio
a tudo o que é estranho, inabitual, duvidoso, descobrir algo que não mais nos
inquiete? E o jubilo do que conhecem não seria precisamente o júbilo do
sentimento de segurança requisitado? [...] erro dos erros! O familiar é o
habitual: e o habitual é o mais difícil de ‘conhecer’, isto é de ver como
problema, como alheio, distante, ‘fora de nós’...”
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